sábado, 30 de novembro de 2024
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
a platéia do senhor das catedrais vive a mudar, pois diferentemente dele - o nobre - deixaremos aos túneis passados a consciência do todo, inclusive a dele.
não romantizemos sua importância. ele permite o nascimento para regozijar-se na morte . sim, ao contrário do que dizem, penso que sim, deus joga dados.
nosso meio é teatro e nós, marionetes de um bando de eternos fanfarrões e suas incontroláveis gargalhadas provindas de nossos pecados, nossos erros, nossas gafes e nossas ridicularidades.
pois lhe digo tempo: talvez sua platéia seja insustentável em algum momento de seu libertino caminho. tome pois cuidado: limpe suas marionetes com cuidado - não deixe a poeira incrustar, pois um dia não poderá mais comprar novos bonecos de pano.
e ao estar só, caro tempo, verá que sua eternidade é inútil e descobrirá que é escravo de si mesmo.
terça-feira, 26 de novembro de 2024
desenhando traços na areia,
observa o sol iluminar,
uma vida cheia de pesar.
sonhos escondidos no peito,
ali realizam-se com deleito,
deleito de princesa,
com olhos de grandeza.
em Mi é meu poema,
e encontra-se jurema,
encontra-se acalanto,
encontra-se recanto.
domingo, 24 de novembro de 2024
se despedem folhas douradas
pelo vento gentilmente tocadas,
voaram e amaram sem retorno.
e em seus jardins rosas apanharam,
e perfume eterno deixaram,
aos corações dos quais amaram,
e em suas almas permaneceram.
e poemas recitaram,
com rimas de sonho e fantasia,
ao nascer de cada dia,
florescendo a melodia.
sábado, 23 de novembro de 2024
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
o poeta não contabiliza
o poeta não gramatiza
o poeta não disseca
o poeta sente
o poeta mente
o poeta respira
o poeta escancara
escancara amor
escancara dor
escancara temor
escancara escândalos
escandaliza aromas
escandaliza toques
escandaliza sabores
escandaliza sons
o poeta poetiza
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
terça-feira, 19 de novembro de 2024
sombras
dentro de cada ser humano, há uma vasta extensão de luz e escuridão, um cenário intricado onde as sombras desempenham um papel tão crucial quanto o brilho da luz. essas sombras, longe de serem meros defeitos ou falhas, são reflexos profundos de nossa psique, fragmentos que, embora frequentemente prefiramos ignorar, moldam nossa identidade e nossa experiência de vida.
as sombras são as partes ocultas de nosso ser, aquelas que muitas vezes tememos explorar ou aceitar. podem ser medos reprimidos, desejos não expressados ou traumas não resolvidos. em muitos casos, essas sombras surgem de experiências passadas, de feridas emocionais que tentamos enterrar sob camadas de indiferença ou distração. no entanto, ao fazer isso, não eliminamos sua influência; simplesmente damos a elas um espaço mais sombrio e menos visível para crescer.
reconhecer e aceitar nossas sombras não é uma tarefa fácil. em uma cultura que frequentemente glorifica a perfeição e a visibilidade, enfrentar nossas imperfeições pode ser uma experiência desconfortável e desafiadora. No entanto, é nesse ato de coragem, ao permitir-nos ver e aceitar nossas sombras, que encontramos uma verdadeira oportunidade para o crescimento pessoal.
frequentemente, é através das sombras que encontramos nossa maior força. ao integrar nossas partes mais escuras em nossa identidade consciente, aprendemos a ser mais empáticos, mais resilientes e, em última análise, mais humanos. as sombras, embora desafiadoras, oferecem uma perspectiva única sobre nossa essência, lembrando-nos de que a luz e a escuridão não são opostos, mas duas faces de uma mesma moeda.
reflexo à beira do rio
Aqui onde moro, caminhadas invariavelmente levam à beira de algum rio. Um privilégio que aos poucos são mais raros, haja vista que a sede contemporânea pelo urgente deixa-nos imersos em um universo de cegueira cotidiana.
Porém, em uma destas caminhadas, encontrei-me com um velho conhecido. Quando criança costumava chamá-lo de Destino. É Destino. Achava de forma inconsciente um belo nome para um rio, pois sabia onde ele estava, mas não fazia a mínima ideia de para onde destinava-se o tal Destino.
Diziam as sábias vozes dos experientes adultos: "seu rumo é em direção ao mar".
Ao mar? Mas o rio é doce! Ele vira mar? Morre então? Mas...mas...ele quer transformar-se em mar?
Pobre Destino, talvez nem ele soubesse. Destino quer, ou é obrigado a ser algo que nem sabe o que?. Que aburdo!
Talvez ele não tenha escolha. Talvez Destino nem escolhera ser rio. Talvez pedira para ser mar, árvore, pedra, urso, vespa, gente - é...gente não - duvido que Destino pedisse por um destino tão cruel.
Olho para ele atentamente, mas não o reconheço. Em nosso último encontro ele parecia diferente. Mais alegre, mais potente, mais empenhado em vencer as curvas que o solo lhe impunha.
Hoje o observo mais cabisbaixo, mais temeroso, ouso a dizer, mais acanhado.
Talvez todo o lixo que ele transportara até aqui, o esteja impedindo de prosseguir em sua brava jornada até o tal de mar. Mas, quem o poluíra tanto, e como Destino permitiu que algo que não fosse de sua natureza, trancafiasse sua essência?
Destino talvez tivesse entregado-se ao destino. Mas então Destino também teria um destino? Qual o destino de Destino?
Não sei responder, mas ao observar meu reflexo em outrara magnífico rio, noto que eu também havia sido como ele: vibrante, obstinado, valente ansiando para ser um mar.
Hoje sou rio? Sou mar?
Sou valente? Impotente?
Obstinado? Conformado?
Bravo? Covarde?
Eu nado ou nada?
Talvez mares já não despertem mais minha curiosidade. Afinal de contas o que é ela, a curiosidade, senão a ânsia em descobrir o que não se sabe?
Eu nada. Não nado.
Coloco meus pés à beira de Destino. Ele transforma-se como se houvesse ainda um quinhão de esperança em sua reunião de infinitas gotas gélidas.
Meu corpo reage, como na tentativa de dizer: "Sim, eu ainda nado".
Mas(mais?)nada.
não tenha medo de ser ridículo, pois é lá que está a liberdade.
o que é ser ridículo? é ser banhado por sangue e sustentado por ossos, é ser humano com todas suas contradições. é ser vulnerável, exposto e autêntico.
adeus, ridículo.
adeus, vergonha.
adeus, medo.
bem-vinda, liberdade.
bem-vindo, você.
observamos o belo nascer do sol em uma manhã de outono e somos invadidos pela sua explendorosa partida no dia em que deitara-se ao horizonte preparando-se para hoje. observamos um objeto fora de seu costumeiro lugar (não aprisionem seus objetos) e damo-nos conta de sua beleza outrora não revelada.
observamos casais apaixonados de mãos dadas caminhando no parque. observamos as folhas secas nas quais eles pisam, mas sem deixarem de olhar para cima, certificando-se de seu lar.
observamos a beleza de nossos pés, que areias brancas e mares esverdeados tiveram a chance de visitar. observamos os fios brancos em nossos cabelos que, resistentes aos inúmeros cortes, foram insistentes em sua jornada de permanência.
observamos sem expectativas. observamos a curiosidade por ela mesma.
vigiamos apenas uma coisa: o medo. (observem)
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
quem dera-me sentir isso como antes
o gélido toque dos trilhos do trem
vem e vem e vem e vem
trem e trem e trem e trem
seu galope inconfundível trouxe-me ao incorrigível
o amor ao movimento e a notória glória trouxe para mim uma cidade de vitória
cá estás ou cá estou? Não sei. Mas de seus braços nunca me distancirei
aqui estive sentindo o cheiro dos trens em meu avô.
elpídio: trabalhador, bêbado e mal entendido - cá estou.
eu ao menos meu avô, sem nenhuma vergonha, seu safado encanador, enganador sou.
chegam de repente como um vulto e marcam sua chegada como um rugido ou uivo.
os sons chegam a mim clamando por reflexão, e neste momento descubro que não estava na savana, mas ela em mim.
e no meio dela encontro-me diante de um rio, ao qual vejo meu reflexo e quando percebo pulo na água, não como Narciso, não por vaidade, mas para submergir em meu ser e tentar me entender.
mas porém, como diz o poeta, "narciso acha feio tudo o que não é espelho." todavia não naquele momento. lá descobri-me de meus véus e máscaras e fui apenas...
A tristeza incendeia
B ela a brincar com nossa imaginação
C ovardemente também vicia
D ando vazão a sentimentos sem sentido
E em sua voracidade
F orja em nossas almas o
G élido sentimento de solidão
H erculeamente luto, maldita tristeza
I gnoro sua sedução
J á que usa-me de brinquedo
K afkaniano serei, transformar-me-ei
L amurio pois de sua fanfarronice
M inha dor não é de zanga, mas fleuma
N ão traga-me seus sedutores véus
O s que aceitei avoaram-se ao léu
P ois siga seu destino, tristeza
Q uiçá para longe de meu ser
R oedora de minhas vísceras foi
S olícita e airosa como uma amiga
T odavia perigosa
U ma, única e venenosa
V á de retro serpente
W alter em suas belas composições
X ícaras de chá sejam servidas
Y in-yang entre nós já não existe mais
Z ombo finalmente por você ser incapaz
vibra a melodia dos sonhos,
onde vozes se entrelaçam
como versos antigos,
desvendando segredos
de terras distantes.
ali, os poemas fluem como rios,
serenando corações aflitos,
nutrindo as raízes do ser
com a sabedoria do vento.
nos olhos da alma,
reflete-se o horizonte,
onde as estrelas dançam
ao som de uma canção
que só os puros podem ouvir.
éfe, o nome sussurrado no silêncio,
é a bússola que guia
pelas trilhas da memória,
onde o passado e o futuro
se encontram em um abraço eterno.
nas cordas da guitarra,
reside o pulsar da vida,
e cada nota toca fundo,
despertando a essência
que repousa nas profundezas do ser.
éfe, onde a poesia se torna palpável,
onde as palavras são lâminas
que cortam o véu da realidade,
revelando a verdade pura
oculta em cada batida,
em cada olhar,
em cada respiro de eternidade.
a leveza do ar contrastava com a intensidade da luz deste dia. a caminhar estava - chutando latinhas na rua. O som do metal refletia como um alerta a meus ouvidos: “acorde”.
naquele momento era apenas uma pessoa longe de casa. longe de mim. fugindo.
observava imperfeições em tudo. esta visão trazia um espelho à minha frente. mais latinhas surgiam e eu as chutava. as chutava e seu som metálico enlouquecia-me. por que arde tanto? por que fere-me tanto?
eu era apenas uma pessoa longe de casa. não conseguia entender.
desisti então de chutá-las. catei-as pois. observei-as. senti o frio metal em minhas mãos. o calor do sol as aqueceu...sim, não posso chutar as latinhas pois preciso colhê-las.
eu era apenas uma pessoa longe de casa. começando a entender.
observá-las de perto...ahhhhhh….que horror!!! a complexidade de perceber que minhas latinhas amassadas nunca mais voltariam ao que um dia foram deixou-me devastada.
mas eu era apenas uma pessoa longe de casa. e queria entender.
cansada, sento-me. eu era apenas uma pessoa longe de casa. aprendendo a entender.
avisto em meu horizonte uma bela construção. imperfeita.
Pessoas sorrindo dentro dela. Cantando ao dançar. Percebo em sua imperfeição a perfeição.
sorrio. entendo.
fui apenas uma pessoa longe de casa.
e agora entendo.
dela desfiz-me, e ao vento naveguei, sem a menor intenção de obedecer.
eis que sua bravura e sua angústia levam-me a perguntar: Onde estou?
e ainda a indagar, onde vou?
sentindo a brisa que bate em meu peito e o balanço do mar.
uma tempestade chegou a resvalar,
a água salgada em sua agitação veio a me atingir.
uma ferida que tinha ardeu e pus-me a refletir.
por quê? não deveria também o mar guiar-me?
entendi pois que o vento sem propósito, propósito não possui. quem a tudo está disposto, disposto a nada está. mas havia um horizonte diante da tempestade.
guia-me. guia-me.
mas quem?
em meus primeiros suspiros ouvi estas palavras. Saindo do ventre de minha mãe foi-me dito. “venha aqui”.
isto por si só corrompia-me. eu não queria ir lá. consciente do que estaria por acontecer, apenas gostaria de estar em meu próprio caminho. possuía um nome não escolhido por mim, possuía uma família não escolhida por mim e perspectivas e expectativas que nunca foram as minhas.
a trilha e as procuras foram intensas desde o início, mas havia grilhões que não consegui vencer. fazer aquilo que desejei sempre foi sufocado por aquilo que desejaram de mim. e assim o fiz, assim optei.
uma opção mais que tola e incoerente. “venha aqui”
poderia ter tido o reverso. Eu gosto de matas virgens e seria nelas que me encontraria. eu gosto do novo e não no que há tempos faz sentido. demorei muito...e as matas foram (talvez) extintas.
“venha aqui” aprenda isso, aprenda aquilo! não ... .eu não quero aprender nada pronto. eu quero desbravar.
não mande-me para onde queres que eu vá, pois não irei. quero ser dono do meu próprio destino, certo ou errado quero ter este direito. danem-se vocês príncipes da vida. almejo ser o bufão que a todos faz rir enquanto as lágrimas não consegue conter.
“venha aqui”.
e acorrentado às decisões alheias, o pranto chegou, porém ele possuía uma cura.
o amargo gosto da fuga aproximou-se e transformou-se em amigo. a realidade transformou-se em um mundo de faz de contas e o universo foi amenizado com uma errônea forma de felicidade.
“venha aqui”
e desta vez quem disse-me isso foi o delírio da surrealidade e eu o abracei.
troquei um grilhão pelo outro.
“venha aqui”
não irei.