segunda-feira, 18 de novembro de 2024

venha aqui

em meus primeiros suspiros ouvi estas palavras. Saindo do ventre de minha mãe foi-me dito. “venha aqui”. 

isto por si só corrompia-me. eu não queria ir lá. consciente do que estaria por acontecer, apenas gostaria de estar em meu próprio caminho. possuía um nome não escolhido por mim, possuía uma família não escolhida por mim e perspectivas e expectativas que nunca foram as minhas.

a trilha e as procuras foram intensas desde o início, mas havia grilhões que não consegui vencer. fazer aquilo que desejei sempre foi sufocado por aquilo que desejaram de mim. e assim o fiz, assim optei.

uma opção mais que tola e incoerente. “venha aqui”

poderia ter tido o reverso. Eu gosto de matas virgens e seria  nelas que me encontraria. eu gosto do novo e não no que há tempos faz sentido. demorei muito...e as matas foram (talvez) extintas.

“venha aqui” aprenda isso, aprenda aquilo! não ... .eu não quero aprender nada pronto. eu quero desbravar. 

não mande-me para onde queres que eu vá, pois não irei. quero ser dono do meu próprio destino, certo ou errado quero ter este direito. danem-se vocês príncipes da vida. almejo ser o bufão que a todos faz rir enquanto as lágrimas não consegue conter. 

“venha aqui”.

e acorrentado às decisões alheias, o pranto chegou, porém ele possuía uma cura. 

o amargo gosto da fuga aproximou-se e transformou-se em amigo. a realidade transformou-se em um mundo de faz de contas e o universo foi amenizado com uma errônea forma de felicidade.

“venha aqui”  

e desta vez quem disse-me isso foi o delírio da surrealidade e eu o abracei.

troquei um grilhão pelo outro.

“venha aqui”

não irei.



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