Há uma nova família aqui por perto. Sons estridentes e joviais celebram os recém-chegados. Pirilampo, o amarronzado garotinho, é o maior da ninhada. Seus olhos globais gigantescos, como azeviche inconfundível, brilham com curiosidade.
Pirilampo pipila, salta e agita as asas, tentando pronunciar um passarinhês sofisticado. Sua mãe, alerta, cuida para que ele não se arrisque.
— Mãe, um dia vou voar como a Pipoca? — pergunta Pirilampo.
— Menino, a Pipoca já é grandinha. Você ainda precisa crescer — responde a mãe, sorrindo.
— Eu quero voar! — insiste Pirilampo.
— Tudo ao seu tempo, mocinho. Você vai aprender.
As árvores ao redor exalam aroma de frescura, com textura de anciões. O verde intenso invade a alma visual, emocionando o observador. Pirilampo olha para suas asas, ainda em formação, e imagina: "Serei o pirata dos céus!"
O tão sonhado dia chegou. Pirilampo, Juventino, Ruberto e Antenor preparam-se para o primeiro mergulho nas portas do infinito. Posicionados em fila, o velho mandão Mantiqueira ordena:
— Crianças, eis o grande dia! Preparamos todos vocês para isso. Agora são flechas lançadas, entendem?
Pirilampo exibe um sorriso de lado com seu bico amarelo girassol e pequenas marquinhas marrons.
Os espectadores eram variados: Mel e Pike, os cachorros da vizinha; Arnesto, o grilo fofoqueiro; Sra. Cruz, orgulhosa de seus novos amigos; e Rubaldo Ribeiro, o romântico pangaré.
A família Solavanco inicia o processo. Silêncio. Pirilampo olha aos lados. Seus pés já não sentem mais o conforto do ninho. Ao olhar para cima, vê os tão sonhados algodões. Estufa o peito e com cuidado observa Pipoca.
E assim nos céus os celestes encontram-se. A natureza da vida nos mostra que ao descobrirmos nossa essência, entenderemos que passarinhos serão sempre... passarinhos.